Cinema Processual
Blog de traduções, críticas, entrevistas, ensaios, reflexões pessoais e cinematográficas. Descobrindo em processo.
sábado, 6 de julho de 2024
FESTIVAL ECRÃ 2024: Interview with Matilde Miranda Mellado, director of Salaman Extensor.
FESTIVAL ECRÃ 2024: Entrevista com Matilde Miranda Mellado, diretora de Salaman Extensor.
E eu trabalhei com meu diretor de fotografia para registrar nossos arredores materiais, foi muito... não sei, não é um processo experimental, mas é muito prático. Estávamos trabalhando durante a pandemia, então não estávamos juntos, mas estávamos trocando essas cartas gravadas. Nós enviávamos vídeos um ao outro. E registrávamos nossos arredores, como vidros entre as luzes, e gravávamos a água. Juntos, assistimos aos vídeos que aparecem no filme e conversamos sobre o que eles nos faziam sentir. E então começamos a entrar em algumas emoções que sentíamos que os materiais nos transmitiam, e depois queríamos continuar explorando. Então, foi assim que decidimos trabalhar com alguns materiais, com fogo, por exemplo, e com muita água, e assim começamos a construir esse corpus material de gravações.
E então eventualmente começamos a entrar na pós-produção, e começamos a criar essas novas imagens que eram completamente diferentes das primeiras, e então foi quando a história começou a se desenrolar, porque então eu tinha essas novas imagens que trouxeram essas outras ideias, e então foi apenas tentar ver o material pelo que ele era, e o que ele nos fazia sentir no momento, e depois tentar colocá-lo em palavras e sons, e simplesmente trabalhar com isso.
As imagens no seu filme são deslumbrantes. Fiquei particularmente comovido com as imagens desse tipo de grupo aquático de criaturas em forma de anel que são capazes de gerar um novo ser, cuja própria diferença em relação a elas faz com que ele se separe. Como você conseguiu chegar a uma imagética tão sensual e também tão viva?
Matilde Miranda Mellado: Aquelas em particular foram feitas com um tipo de material parecido com vela, e nós o gravamos fazendo um movimento enquanto estava pendurado. E fizemos isso umas cinco vezes, e porque estava pendurado, ele se movia de forma muito orgânica, parecia algo que estava vivo, algo meio marinho. E isso me trouxe uma sensação que eu me lembro de quando era criança, quando sonhei com meu irmão caindo de um navio, e esse foi o meu primeiro sonho. Isso me marcou, então eu meio que quis colocar isso no filme. E com a primeira estória, era esse sentimento muito comum de sentir como se você estivesse se separando dos seus arredores, e afundando nessa separação. Tipo, você não está evoluindo a partir disso, você está apenas se rendendo a isso. Eu queria que a primeira narrativa fosse assim.
Esse é um sentimento realmente bonito que você capturou, porque sinto que o filme é sobre essas duas diferentes... esse sentimento que você acabou de descrever, mas também há no final um comentário sobre a esfera virtual, com imagens do mundo real, e eu queria perguntar como foi a principal, não vou dizer 'narrativa', mas como foi esse diálogo principal e a criação dos nomes evoluindo durante a realização do seu filme?
Matilde Miranda Mellado: A primeira narrativa acho que veio por último. Tipo, eu fiquei um ano inteiro pensando nessa história de uma maneira muito sequencial, mas não era como é agora. E quando eu tinha todas as imagens que me interessavam, sem uma ordem clara, percebi então que queria fazer essa história de uma maneira mais em três partes. Como três histórias que estavam meio que falando sobre o mesmo sentimento, mas a reação dos usuários online apresentados no filme era diferente. Então, na primeira história, a protagonista principal se rende, na segunda ela está olhando para esse mundo e se sentindo triste. E na terceira você tem HAAYA, que está meio que indo além do sentimento, porque ela está triste, mas isso também está abrindo algo mais nela. Então foi como esse caminho de três etapas para processar uma emoção, e foi assim que percebi como queria construir essa narrativa, mas foi só no final, depois que eu tinha tudo.
E eu sempre tive os nomes dos principais usuários como HAAYA e SULLL8, eu sempre quis que fosse essa conversa. Gosto disso porque acho que é como uma coisa de mão dupla, que meio que me lembra um pouco do diálogo de Platão e Sócrates. Eles sempre têm esse tipo de conversa, então foi algo semelhante a isso.
E como foi o design de som feito durante o processo? Porque há essa mistura de movimentos da água, do mar, e movimentos muito parecidos com algo marinho. Como isso foi criado e como a ideia do espaço de Salamandra, que também é o nome do filme, foi criada no processo?
Matilde Miranda Mellado: O design de som veio com a música, porque eu estava trabalhando com meu amigo e ele faz música eletrônica. Mas eu não sei, para mim é sempre assim, eu assisto a imagem sem o som, e meio que começo a tentar ver o que poderia ir ali, e o que essas coisas me fariam sentir. Por exemplo, no filme há uma imagem vermelha, e é meio sangrenta, mas eu queria intensificar esse sentimento com um som de algo molhado e espremido, e também com isso tornar a imagem mais leve. Como se parecesse que está subindo um pouco, como se estivesse ficando mais clara de certa forma. Eu não sei, eu apenas tento sentir o que as imagens estão dizendo, e então vejo se isso funciona, e se não funciona, então talvez deva ser o completo oposto. Então é como brincar com tudo, até chegar ao que você quer expressar, mas nunca é o que você quer expressar, é apenas, isso se expressa depois. Você só precisa saber como ler, as coisas que estão saindo do próprio filme, eu acho. E o nome, Salaman Extensor, foi a primeira coisa que fizemos, antes de termos tudo. Nós apenas colocamos o nome lá fora, parecia algo que era ao mesmo tempo antigo e também futurista. Então essa é a única razão pela qual se chama assim, e também nos deu a primeira pedra que colocamos, e então tudo veio depois disso.
Eu ainda não vi o seu trabalho anterior, então estou curioso para saber se você sente que Salaman Extensor é uma culminação do que você queria expressar como artista. Você sente isso ou o filme representa um novo e diferente capítulo para você?
Matilde Miranda Mellado: Eu acho que é como uma culminação, sim, ou como um ponto de partida para algo. E acho que isso teve a ver com a pandemia, porque nesse período percebi que tinha mais controle sobre o mundo material, porque fui forçado a ficar no computador 24 horas por dia, 7 dias por semana, e fazer todo o meu trabalho lá. E foi como, "Oh, isso é meio divertido!" e era fácil controlar tudo, então teve essa sensação de eu poder fazer o que quisesse. Então, esse foi o começo disso, e também eu estava em um curso de coreano durante a pandemia, e tive que fazer um trabalho final no curso que era mais como um filme de ficção científica, e durante isso percebi que poderia fazer algo mais autobiográfico com esse gênero. E a ficção científica me ajudou a tentar expressar essas coisas, mudando um pouco a perspectiva, como se afastando um pouco do seu ponto de vista e da própria realidade. Então, com esse programa como Salamander, você pode se dar esse quadro de trabalho que é separado da realidade, então você pode fantasiar nesse lugar, e isso pode te ajudar a processar emoções apenas mudando um pouco o enquadramento.
Você estreou o filme pela primeira vez no Festival ECRÃ no Brasil, como você se sente, como uma jovem cineasta, em estrear este filme nesse tipo de festival e também como você vê a importância dos festivais de cinema experimental para o desenvolvimento de trabalhos mais radicais e únicos?
Matilde Miranda Mellado: Eu me sinto muito abençoada por poder mostrar meu trabalho. Porque o Brasil, para mim, é esse lugar que sinto que está muito separado do que considero ser minha cultura, mas também faz parte da minha cultura sul-americana. Então foi ótimo estar nessa espécie de área cinzenta, do que é ser da América do Sul. E então é como essa alteridade, mas ao mesmo tempo me fez sentir muito bem-vindo. Eu não sei, foi muito, muito bonito, mas eu também não estava muito... eu não sei. Eu não tinha certeza de onde eu estrearia este filme, porque não conheço um festival no Chile que seja similar ao ECRÃ de certa forma. Então eu estava pensando em talvez fazer algo mais nas redes sociais, para lançá-lo online. Mas eu não sei, o ECRÃ me deu esse novo panorama, e me permitiu ver esse tipo de trabalhos experimentais em uma tela grande. E foi como, "Oh meu Deus! Eu quero continuar fazendo isso!" Mas eu também quero explorar coisas nas redes sociais, e fazer ambos de uma maneira maior. Então estou vivendo com um sentimento muito esperançoso para o futuro após o festival ECRÃ.
terça-feira, 2 de julho de 2024
FESTIVAL ECRÃ 2024: Entrevista com Marianna Milhorat, diretora de Logo Acima Da Superfície Da Terra (Para Uma Extinção A Caminho).
FESTIVAL DE CINEMA ECRÃ 2024: Entrevista com Kurt Walker, diretor de Hit 2 Pass e S01E03.
Kurt, quero agradecer muito por você ter vindo ao Brasil, e queria perguntar sobre algo que me tocou enquanto assistia S01E03, que foi esse sentimento de comunidade. Nos seus filmes, eu reconheço a contribuição de muitos nomes da cena de cinema independente no Canadá, por exemplo, cineastas como Sophy Romvari e Neil Bahadur, então eu queria perguntar: o quão importante é para você esse senso de criação coletiva na experiência de fazer seus filmes? Você faria filmes sozinho?
Kurt Walker: Eu não sou monolítico sobre o assunto, acho que depende do tipo de filme que estou fazendo. Eu faria um filme sozinho, dependendo do que quero expressar, mas, no caso de S01E03, é um filme francamente sobre amor, amizade e essa integração dentro de uma experiência virtual. Então foi natural que tivesse um estilo mais participativo e comunitário, porque estou tentando retratar um grupo de amigos online cujo relacionamento entre eles atravessa o planeta. Então, naturalmente, abracei não apenas esse tema, mas também esse modelo de produção, um modelo de produção comunitário de baixíssimo orçamento.
E é muito tocante para mim ser um filme sobre uma amizade online que também evolui e se relaciona com o mundo real, porque essa é uma forma de se conectar e de se socializar com os outros que minha geração experimenta muito. Como surgiu a ideia de fazer um filme sobre relacionamentos virtuais?
Kurt Walker: Então, o filme vem de anos de experiência pessoal jogando MMORPGs (Massively Multiplayer Online Role-Playing Games) e tendo essas experiências de conhecer pessoas online, de ir em aventuras juntos, criar novos amigos e adicionar uns aos outros em chats de mensagens. E então, um dia, eles simplesmente não voltam mais online, e desaparecem. E então você fica pensando: "o quê que aconteceu com eles?" Sabe? E eu nunca tinha visto isso em um filme antes. E eu queria expressar isso.
O filme tem apresenta mudanças de formato e de estilo durante sua duração, é um filme que pode pertencer ao subgênero desktop film (de filmes gravados através do computador), mas também apresenta cenas filmadas em 16mm e com um estilo mais geométrico de lidar com os atores e com o espaço. Como você relacionou esses diferentes modelos de capturar o interior e o exterior durante a montagem do filme?
Kurt Walker: Bem, quando você está trabalhando com um orçamento baixo ou com nenhum orçamento, porque este foi um filme feito por menos de 10.000 dólares, o que você realmente tem à sua disposição para elevar seus meios de expressão está na forma. Está na edição, na cor, na montagem e nos meios que você escolher. Então, com isso, eu simplesmente abracei o uso de uma variedade de câmeras e estilos diferentes. Mas também tentando explorar o máximo de cor possível. Porque eu não tenho os meios para fazer um tipo de fotografia bonita e perfeita. Então, em vez disso, com a ajuda dos meus diretores de fotografia, eu simplesmente abracei uma paleta ampla, mas específica, de cores para este filme.
Eu também queria falar sobre o outro filme exibido hoje, Hit 2 Pass, que eu gostei muito. E, assim como S01E03, é um filme que você fez com amigos. E é um filme muito físico, porque não é apenas sobre corridas e carros, mas também sobre a ideia de destruição e reconstrução. Como esse projeto surgiu para você?
Kurt Walker: Esse projeto chegou até mim por meio de um cineasta amigo meu chamado Tyson Storozinski, que me trouxe a ideia depois que seu pai o convidou para voltar à sua cidade natal, Prince George, que foi o cenário da corrida Hit 2 Pass. Então, fui convidado para desenvolver e dirigir esse filme. E, desde o início, eu não sabia realmente que tipo de filme seria, mas definitivamente não queria que fosse apenas sobre corridas e carros. Mas eu, Tyson, Neil Bahadur e John Lehtonen nos tornamos amigos muito próximos durante todo o processo de produção, e eu queria que o filme capturasse essa conexão entre nós e transformasse ela em algo tangível. E, com sorte, conseguir traduzir ela, fazendo um filme que tratasse mais amplamente da nossa amizade.
Em sua carreira como cineasta de longa-metragem, você lidou com diferentes tópicos, como carros e corridas em Hit 2 Pass e a amizade dentro da esfera virtual on-line de S01E03. Como a realização desses filmes mudou sua perspectiva sobre o tipo de cinema que deseja fazer? E em que tipo de filme você está trabalhando a seguir?
Kurt Walker: Então, com Hit 2 Pass e S01E03 eu sinto que expressei tudo o que queria fazer nesse formato, em torno do tema da amizade e do amor. Acho que Hit 2 Pass trata muito do amor platônico, enquanto S01E03 trata do amor romântico e também do amor platônico. E, em seguida, acho que vou tentar expressar o tema do amor familiar e todos os diferentes tipos de complexidades e nuances que ele traz. E tentarei expressá-lo de uma forma diferente, mesmo que ainda aborde o tema dos videogames, mas a partir de um ângulo diferente. Portanto, tento pelo menos fazer um tipo de filme novo e diferente a cada vez. Não quero, e espero que isso não aconteça, estar me repetindo.
ECRÃ FILM FESTIVAL 2024: Interview with Marianna Milhorat, director of Just Above The Surface Of The Earth (For A Coming Extiction).
ECRÃ FILM FESTIVAL 2024: Interview with Kurt Walker, director of Hit 2 Pass and S01E03.
Kurt, I want to thank you very much for coming here to Brazil, and I wanted to ask about something that touched me while watching S01E03 which was this feeling of community. In your films I reconize the contribution of many names from the independent film scene in Canada, for example filmmakers such as Sophy Romvari and Neil Bahadur, so I wanted to ask: how important is for you this sense of a collective upbringing in the experience of making your films? Would you make films alone?
Kurt Walker: I´m not monolisthic about the subject, I think it depends on what type of film I´m making. I would make a film alone, depending on what I want to express, but in this case with S01E03 it is a film frankly about love, friendship, and this integration of a virtual experience. So it was natural that it be a more participatory and kind of community oriented style, because I´m trying to depict an online friend group that crosses the globe. So I naturally kind of embraced not only that subject but also that production model, a community oriented no budget production model.
And it´s very touching for me to be a film about an online friendship that also evolves and relates to the real world because that is a way of connecting to others that my generation experiences a lot. How did it came the germ of the idea of making a film about online relationships?
Kurt Walker: So the film comes from just years of personal experience of growing up playing MMORPGS (Massively Multiplayer Online Role-Playing Games) and having these experiences of meeting people online and going on, you know, adventures together and becoming friends and adding each other on messassing services. And then one day they just never come back online again. And it´s just like ''what happened to them?" You know? And I hadn´t seen that in a movie before. And I wanted to express that.
And also how did the changing of formats in the film developed? For example, it´s a desktop film in many ways, but it also uses material filmed in 16mm and some more geometrical shots of people in the external part of the city. So how did you relate this different aspects of filming the exterior and the interior during the montage of the film?
Kurt Walker: Well, when you´re working with a low to no budget, because this was a no budget film made for less than 10.000$, what you really have at your disposal to kind of elevate your means of expression is in the form. Is in the editing, the color, the montage, and the mediums you choose. So with that I just embraced using a multitude of different cameras and styles. But also trying to, you know, use as much color as possible. Because I do not have the means to do a kind of beautiful, perfect style of cinematography. So instead, with the help of my cinematographers, I just embraced a wide but specific palette of colors in this film.
I also wanted to talk about the other film exhibited earlier today, Hit 2 Pass, which I´ve liked a lot. And like S01E03 it´s also a film you made with friends. And it´s a very physical film, because it´s not only about racing and cars but also about the idea of destruction and reconstruction. How did this project came to you?
Kurt Walker: That project came to me trough the subject, a filmmaker friend of mine named Tyson Storozinski brought the idea to me after his dad invited him to go back to his home town of Prince George, which was the set of the Hit 2 Pass race. So I was kind of invited to develop and direct this film. And from the get go I didn´t really knew what type of movie it would be, I certainly didn´t wanted to be just about racing and cars. But myself, Tyson, Neil Bahadur, and John Lehtonen all became pretty close friends during the entire process of making it, and I wanted this film to kind of capture that. That connection between us, and turn it into something tangible. And hopefully kind of translate it, by making a film that was more broadly about friendship.
In your career as a feature lenght filmmaker you dealed with different topics, cars and racing in Hit 2 Pass, and the online virtual sphere of S01E03, how did making these films changed your perspective about the kind of cinema that you want to make? And what type of film are you working on next?
Kurt Walker: I mean, with Hit 2 Pass and S01E03 I feel like I´ve expressed everything that I wanted to do in that form, around the subject of friendship and love. Hit 2 Pass I think it´s very much about platonic love, while S01E03 deals with romantic love as well as platonic love. And next I think I´m going towards expressing the theme of familial love, and all the different kind of complexities and nuances that it brings. And try to express it in a different form, one that will still adress the topic of videogames but from a different angle. So I attempt at least to make a new, different type of movie each time. I don´t want, and I hope that I´m not repeating myself.
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
José Roberto Aguilar – Sonho e contrassonho: Entrevista com o cineasta e artista Gregório Gananian sobre sua relação com José Roberto Aguilar.
Como surgiu sua colaboração artística com Aguilar? Como vocês se conheceram?
GREGORIO: Então, o nome de Aguilar já estava no
ar para mim pelo seu grupo musical chamado Banda Performática, que
ele desenvolveu com a colaboração de artistas como Lanny Gordin, Paulo Miklos, Arnaldo
Antunes, Teca Berlink e Jorge Mautner. E eu me lembro de uma vez que eu assisti
um vídeo no YouTube, há uns anos atrás, que ele realizava uma performance
cantada com a banda, intitulada ‘’Os Corações’’. E nessa performance ele
abria os corações de tintas com uma faca e fazia as tintas caírem sobre seu
corpo. É uma performance genial, maravilhosa
E houve um dia que eu estava na casa de um amigo meu, um
poeta e artista maravilhoso chamado João Reinaldo Paiva, e ele me perguntou
”Cara, você conhece os textos que o Aguilar escreveu?” E eu não conhecia. E
nesse dia ele me apresentou aos livros de Aguilar, eu li A Divina
Comédia Brasileira, O Hércules Pastiche, fiquei a tarde inteira
lendo eles. Eu descobri os personagens de Agripino de Paula, o Getúlio Vargas 1
e o Getúlio Vargas 2, quase como uma versão jovem e uma versão velha do
Getúlio. E o Artaud e o Sapato de Artaud. Eu fiquei muito impressionado com seu
aspecto de colagem, com seu senso de humor, com a leveza e, ao mesmo tempo, a radicalidade
muito expressiva da escrita, uma característica muito a ver com a própria
pintura de Aguilar.
O que mais me impressionava nos livros dele era esse aspecto
de delírio, onde você podia ter figuras distintas e diferentes habitando uma
mesma página, como por exemplo O Sapato de Artaud habitando um mesmo espaço que
um Presidente dos Estados Unidos, sabe? É uma forma de fazer com que essas
figuras façam parte de um mesmo mar sincrônico. Elas se comunicam entre si. Um
ser humano como o Aguilar, para mim, é uma pessoa que consegue penetrar em
campos distintos, nesse pensamento-vida amplo em suas diferenças.
E a primeira vez que trabalhamos juntos foi no período em
que estava planejando Inaudito (2017), meu longa-metragem
sobre Lanny Gordin. Naquela época eu já seguia o Aguilar pelo Facebook, e
ocasionalmente eu postava coisas que o Aguilar curtia e comentava, e na época
que eu ia fazer o filme o Lanny Gordin estava participando da Banda
Performática, ele era uma figura muito importante para a banda, tanto que
seu álbum clássico tem a foto do Lanny, e eu achei isso muito curioso porque
era em de um período de 1980 em que o Lanny não tinha muitas gravações em
disco. E eu achei isso muito forte, muito simbólico, por ser uma das únicas
gravações feitas pelo Lanny naquela época.
E nesse período eu mandei mensagem para o Aguilar dizendo
"Olha, eu vou fazer um filme com o Lanny Gordin, e a gente vai fazer ele
na China” e ele me respondeu “Vocês vão para a China? Então vem pro meu ateliê
agora!” E foi assim. E eu fui para casa do ateliê do Aguilar, e mostrei meus
trabalhos para ele, eu me lembro de ter mostrado um filme que tinha feito no
Parque Augusta e ele ficou vibrado com aquilo. Ele começou a falar comigo sobre
o ato de olhar, sobre o olho da experiência da primeira vez, e naquele momento
a gente teve uma identificação absoluta, como se eu já o conhecesse há muito
tempo. E o que eu mais me lembro era de sentir que o Aguilar conseguia
atravessar um portal, sabe? Ele é um artista que consegue ficar do outro lado
do portal. Geralmente as pessoas ficam em volta, mas não ele, ele consegue
viver dentro dele. Foi um encontro muito bonito, ele me abriu um aspecto do
Lanny que eu não sabia como colocar em palavras, eu só intuía.
E a partir disso começamos a nos encontrar com regularidade,
almoçávamos juntos, eu ia demais para a casa dele, ele mora em uma casa no
bairro Bixiga em São Paulo, que é um dos bairros mais interessantes da cidade.
E aí a partir disso eu o convidei para participar do Inaudito (2017),
e o filme tem uma curiosidade porque os artistas que eu convidei para
participar do filme eram o Aguilar, o Macalé, e o Negro Leo. Eu acho que eu não
tive o interesse de chamar artistas como o Caetano ou o Gil porque o filme era
muito sobre a versão atual do Lanny, sobre esse processo moderno do Lanny. E o
Aguilar realiza uma performance linda no filme, ele pinta o branco sobre o
branco, em uma parede branca. E aí quando eu separei as imagens gravadas do
filme, ele começou a falar pra mim “Vamos continuar a fazer coisas juntos!”
Foi um convite que veio dele. E a partir disso nos estabelecemos uma
parceria. Acho que até hoje nós conseguimos fazer mais de 30
performances juntos, ou mais.
A gente trabalhou tanto junto que eu o considero como uma
família, como uma espécie de amigo-pai-filho. Ele é um grande amigo para mim,
ele sempre me acompanha. Eu me lembro que fizemos uma vídeo instalação
recentemente lá no Sesc Consolação, e ficou uma coisa divina. Eu semanalmente
vou para a casa dele, eu sento com ele e a gente bate um papo. Durante a
pandemia a gente fazia live toda semana, a gente desenvolveu muitos projetos
juntos, ele é uma figura que me ensina muito. Ele me ensinou e me levou para fazer
Tai Chi Chuan, me ensinou a ser mais intuitivo e espontâneo. Então considero
ele simultaneamente um grande mestre, um grande amigo, e um grande parceiro.
Eu queria perguntar sobre os dois filmes que estão sendo
exibidos nesta mostra e que você codirigiu com Aguilar, o Tomoaki
Tomoshigue (2021) e o Agripino (2023). Como foi o
processo de realizá-los? É especialmente fascinante ver Agripino por ser um
filme feito sobre a pintura de película de 35mm.
GREGORIO: Então, antes de Tomoaki a
gente fez juntos "O Olhar do Boto," que é um filme
de 1 hora de duração que a gente projetou em uma piscina de 15 metros do Sesc
Consolação. E antes mesmo desse filme eu já tinha filmado muita coisa com o
Aguilar, a gente teve vários ‘’pré-filmes’’ vários ‘’quase-filmes,’’ por assim
dizer. E o processo de Tomoaki veio de conversas nossas sobre um tipo de cinema
‘’presencial,’’ e foi o Aguilar que criou esse nome, ele é um artista com um
verniz filosófico que vem da geração do Jorge Mautner, e a partir desse
conceito a gente desenvolveu a ideia de um filme que fosse centrado ao redor de
uma conversa, e que capturasse pela câmera os rostos que escutavam. Era pra ser
um filme partindo do mínimo múltiplo comum, essa ideia da escuta e da fala.
E foi tudo muito espontâneo, a partir disso teve a entrada
do Tomoshigue Kusuno, que é um dos grandes artistas brasileiros, ele é um
japonês zen, um vagabundo iluminado, um dançarino, pintor, viajante do
mundo, e que tem mais de 50 anos de amizade com o Aguilar. No processo de fazer
o filme a gente foi na casa dele com um arsenal de duas câmeras, eu lembro que
eu utilizei uma com lente de 70-100mm. E o processo de fazer ele era um jogo
mesmo, aonde uma câmera ficava só no rosto do Aguilar, e outra no rosto de
Tomoshigue, sendo todas guiadas pela conversa ''conduzida'' pelo Aguilar.
É um processo quase magico de criação e colaboração
artística, tem uma pintura zen japonesa que é um circulo que pode ser feito e
representado em um único movimento pela mão, por um único gesto, e eu considero
esse filme a partir desse movimento. Foi muito impressionante assistir ele no
MAM, em descobrir este filme novamente. Eu acho que está na hora dele ir
atravessar o mundo, e a gente começar a mandar ele para novos lugares. É um
curta-metragem que é sobre o encontro de duas figuras incríveis, o Tomoshigue e
o Aguilar, que se guia por uma comunicação guiada por um principio de
incomunicabilidade. Pelo entendimento entre eles, pela pintura, pelas tintas,
por essas falas livres que eles realizam.
E o Tomoaki é mesmo um filme de mínimo
múltiplo comum, ele é quase como uma refeição japonesa, é feito por um corte,
por pouquíssimos cortes, por poucas coisas, pouco ornamento. Foi uma preparação
baseada em uma mínima ação e um mínimo de acontecimentos. E foi assim que ele
existiu. O filme tem esse titulo porque esse é nome japonês de Tomoshigue. E o
filme é, obviamente, um díptico, mas ele inicialmente iria se desenrolar em uma
só tela, mas quando eu cheguei ao processo de montagem eu me lembrei de dois filmes
que o Aguilar tinha feito, o Sonho e Contra-Sonho De Uma Cidade (1981)
e A Divina Comédia Brasileira (1980), que são filmes de duas
telas, e a partir daí me pareceu natural e básico que fosse assim. Dois planos
para dois rostos. Então é assim que o filme nasceu. E o nascimento já é ele.
Já o Agripino foi um processo bem
diferente, ele foi desenvolvido durante a pandemia, porque eu estava fazendo
essas lives com o Aguilar semanalmente, que eram também exercícios de
experimentações, em que a gente tocava, ficava pirando juntos, fazendo
personagens em todas as semanas. E eu sempre fui um apaixonado pelo Agrippino (o
Arthur Bispo de Rosário), pela Lygia Clark e pelo Hélio Oiticia, esses artistas
pra mim fecharam uma quadratura do Brasil do século 20. Eu sempre achei eles
grandes artistas, e eu tenho um livro do Agripino que não é exatamente um
livro, mas é um texto de uma peça dele intitulado "Nações Unidas.” Que
teve uma recepção na época de silencio absoluto, ninguém fala desse livro.
E esse texto é uma peça de teatro, e o Agripino é tão genial
que ele já começa dizendo isso: “Isso não é uma peça de teatro, isto é um
show!” E é uma peça que pode ser encenada em diversas ordens, e eu li muito
dela durante a pandemia. Eu fazia várias leituras para as nossas lives, e
muitas leituras de textos do Agrippino, para mim o Hitler do Terceiro
Mundo(1968) é um filme que estão tão aquém, tão além de qualquer
comparação que talvez seja mesmo o grande filme brasileiro daquela época. É um
filme que aponta para o futuro. E o Agripino é um amigo próximo do Aguilar,
eles estão muito juntos, o Aguilar acompanhou o Agripino até o final da vida
dele, e a gente vê no livro Verdade Tropical do Caetano Veloso
que o Agripino é um dos formuladores da ideologia da época do tropicalismo. Ele
era uma figura muito importante no Brasil.
E nessa amizade com o Aguilar, o Aguilar fez a capa do
livro PanAmérica, e eu considero que a figura do Agripino me
protegeu de alguma forma, mentalmente falando, eu não sei explicar porquê. E
quando a pandemia chegou ao fim e eu e o Aguilar passamos a nos encontrar
presencialmente, eu mostrei que tinha guardado em casa um rolo de película 35mm
de um filme que eu tinha feito na minha juventude com o meu irmão. Eu havia
codirigido ele com meu irmão. E esse filme ganhou um prêmio em um festival que
fez com que ele tivesse sido convertido do digital para película. E dentro
desse processo houve uma película paralela de som, da banda sonora, para colar
junto da imagem.
E nesse encontro nosso me veio essa ideia, porque eu sempre
via o Aguillar pintando, eu vou para a casa dele semanalmente, eu fico sentado
com ele no ateliê conversando horas e horas sobre vários assuntos, e então
falei pra ele ‘’Nossa Aguilar, me veio a ideia de fazer um filme pintando
sobre a película!” E isso é um conceito básico, né? Porque hoje em dia
pintar em película é algo que as pessoas conhecem, especialmente depois que o
Stan Brakhage aperfeiçoou esse procedimento, então não é algo de muita novidade,
mas era um método que iria trazer algo de aprendizado pra nós, de curtição.
E o Aguilar respondeu na hora pra mim que toparia fazer o
projeto, ele me falou ''Compra tinta de vitral, compre as cores que você vai
pintar, vamos fazer essas pinturas juntos.'' Então foi incrível, porque a gente
estendeu o campo de trabalho no ateliê dele. E o ateliê do Aguilar é grande, é
retangular tipo uma caixa de sapato mesmo. A gente abria o rolo e era 10
minutos a duração total do filme, e a gente for cortando cada parte e formando
quase que uma tela no chão. E a partir disso eu, o Aguilar, o Sérgio
Villafranca (que estava com a gente na assistência da pintura), e o Rodrigo
Gava também, se não me engano, ficamos andando e jogando pintura, andando e
jogando pintura.
E esse era um processo de aprendizado em si. Eu fui
aprendendo com o Aguilar pouco a pouco em como eu poderia ser conduzido pelas
tintas, de como eu poderia ver o que as tintas queriam, aonde que elas iriam me
levar. As tintas nesse processo pareciam que me levavam a lugares inéditos. E o
Aguilar, como ele tinha um cineclube herdado do pai, sabia bastante como
manejar material de película, então ele conseguia pegar e recortar com
facilidade tudo. E no final do processo a gente embrulhou em pacotinhos de papel
manteiga, em rolinhos pequenos que a gente guardou em uma caixa de isopor, no
qual eu levei para minha casa.
E aí quando veio o ímpeto de organizar essa mostra no MAM,
eu avisei ao Ruy Gardnier sobre esse filme e ele ficou entusiasmado em trazê-lo
para o Rio. E aí aconteceu esse milagre de poder exibir esse filme. E a sala
estava cheia, né? Estava com um clima quente.
E a sensação de ver esse filme é de entrar em uma máquina do tempo, uma
conversa telepática com o Agripino. Foi uma projeção muito forte, fiquei
encantado. E por isso que esse filme teve esse nome, foi uma homenagem a tudo
que o Agripino protegeu na gente.
E eu aprendi com o Aguilar... o Aguilar muitas vezes escreve
nomes para os quadros, e ele me falou uma coisa que acho fascinante. Ele me
falou: ‘’Ah, eu faço literatura e não pintura!” Então tem sempre essas
invenções "Aguilarrianas." Mas eu entendo ele, porque ele
pinta e as vezes também nomeia a obra, ele cria um título, uma frase especifica
que transforma a relação com a imagem, e imagem em troca transforma a frase.
Quando a gente nomeou esse filme de Agripino, o Agripino fez uma
comunicação telepática com a gente. E esse filme é uma conversa com o Agripino.
E eu acho que ele ainda está em processo, a gente encontrou
material de uma entrevista inédita com o Agripino, e o som neste filme ficou
incrível! Porque era o som de material de 16 quadros por segundo, então eles
parecem vozes de... daquilo que o Deleuze fala, né? Do Caos, de um plano do
caos. Então é a criação desse plano que se você entra com a cabeça você pode
ser devorado, se você não estiver preparado. Mas se você permite que as forças
do caos brotem, elas fluem e se conectam com o caos. Ele fala isso no livro ‘’O
Que É a Filosofia?” Como um conceito de criação de uma ética.
E essa ética seria justamente permitir que as forças, os
movimentos, as fraquezas do caos possam nascer espontaneamente por elas mesmas.
E a gente deixar esse plano acontecer. Por exemplo, o Deleuze fala de plano de
composição, plano de imanência, plano de consistência, e esse plano de caos, e
de um plano de imagem. E eu considero que esse filme, essa película
transparente, essa membrana transparente é um plano de composição para que o
Agripino brote. E Foi assim que ele nasceu, desse processo.
Então, uma última pergunta, como foi para você a recepção
do público dessa mostra no Rio de Janeiro? Como foi ver o público reagindo aos
filmes e as performances? E para você, como você se
sentiu com as projeções dos filmes?
GREGORIO: Eu achei maravilho primeiro porque é a
primeira vez que o trabalho dele em vídeo é apresentado em uma mostra, e eu
adorei que tinha pessoas de todas as idades, uma molecada e rapaziada nova,
pessoas legais demais, junto de pessoas mais velhas que eram amigas do Aguilar.
Então é muito legal porque tem alguns filmes do Aguilar que são mais
provocativos, especialmente em relação ao tempo, a duração, aos retratos que
ele fazia de pessoas, ele faz do uso da câmera... é uma câmera que não filme,
né? É uma câmera que navega e mergulha. É um mergulho.
Então foram três dias maravilhosos, eu acho que nesses três
dias acabou formando uma espécie de familiaridade, e uma família até de
amizades porque você encontrar um espaço de vivencia compartilhada. E é um luxo
também poder estar perto do Aguilar, já completando 83 anos de idade. Foi uma
festa, uma grande festa. E foi muito legal trazer meus amigos de São Paulo para
esta empreitada, criar essa membrana de conexões, e poder ocupar a Cinemateca
do MAM que é um espaço muito forte culturalmente, aquele espaço tem uma energia
absurda, uma energia forte e quente.
A gente sente o espectro do Hélio rodando, o espectro do
Glauber filmando o Di Cavalcanti. E é um lugar que inúmeros filmes foram
projetados sobre a tela né? Eu acredito que toda vez que um filme é projetado
algo dele fica na tela após o termino de sua projeção, então de certa forma uma
espécie de palimpsesto espectral cinematográfico é gerado. E aquela sala é
incrível, ela parece um aeroporto dos anos 50, e aquelas cadeiras geram um
barulho, então a sessão fica quase John Cageana. E ela balança, então é ao
mesmo tempo uma cadeira e uma rede. Enfim, foi uma grande festa. E pude fazer
tudo do lado da casa da Clara Choveaux, que é meu amor, além de trazer o Sérgio
Vilafranca e o Henri Daio aqui no Rio... Qual era a outra pergunta que você fez?
Acredito que não tenha outra, mas agora me surgiu um
pensamento: Com o próprio Aguilar reagiu as exibições e as perfomances? Eu
adorei que tive a oportunidade de participar ao vivo de uma delas, quase como um
entrevistador no palco, com o Sérgio Vilafranca e o Henri compondo a banda
sonora também.
Olha, ele estava feliz pra caramba! Ele reagiu como em
uma festa. Eu me lembro de um momento inesquecível que ele falou que viu o
Dante Alighieri na plateia, e ele falando isso em direção a audiência. Então
foi uma transmissão de intensidades. É insuficiente fazer um evento do Aguilar
apenas com projeção, porque a figura dele demanda um ato performático e colaborativo
com o outro. A sala de cinema precisava então não ser ‘’apenas’’ uma sala.
Precisava quase que se transformar em um quarto de criança, de brinquedos. Ou
ser uma sala de crianças.
E eu gostei muito da sua participação Francisco, porque
naquele dia a gente estava tentando estimular mais o Aguilar, fazer mais
perguntas e questionamentos para ele, e aí eu me lembrei de você e te chamei
para ir ao palco. Para fazer uma performance de uma pergunta no palco. E você
foi ao palco, sentou em posição de lótus (quase meditativo) e fez sua pergunta.
E você fez uma grande pergunta que é sobre a intuição! E a intuição é a grande
pergunta permanente na trajetória do Aguilar.
Foi uma pergunta que eu fiz porque eu fiquei muito
fascinado com essa ideia do inconsciente, do ato de criação intuitiva da
pintura ser quase com a pintura guiando a si própria, eu acho isso incrível.
Exatamente, que é a ideia de projeção!
A projeção, sim.
Se um artista como o Aguilar ensinou para gente que o que
leva e guia ele é a tinta, que ele obedece aos caminhos da tinta, acho que o equivalente
para nós no campo de cinema seria a luz. A gente dança pelo movimento da luz.
FESTIVAL ECRÃ 2024: Interview with Matilde Miranda Mellado, director of Salaman Extensor.
One thing that really touched me about your film was this theme of trying to search for a way to express an emotion that is very internal...
-
A entrevista com Gregório Gananian, cineasta e curador/diretor da mostra José Roberto Aguilar- Sonho e Contrassonho na Cinemateca do MAM,...
-
One thing that really touched me about your film was this theme of trying to search for a way to express an emotion that is very internal...
-
Como surgiu Infinito Ábaco ? Como foi a concepção da ideia do filme até seu momento de gravação ? BRUNO : Então, o filme ele se comunica...